Buenaventura Durruti
Buenaventura Durruti Dumange (1896-1936), anarquista, sindicalista, revolucionário, figura de destaque do movimento libertário espanhol tanto antes como durante a Guerra civil espanhola.
Nascimento
14 de Julho de 1896 León (Espanha)
Morte
20 de Novembro de 1936 (aos 40 anos) Madrid (Espanha)
Ocupação
Operário e Mecânico
Biografia
Primeiros anos
Nasceu em León em 14 de Julho de 1896 no bairro de Santa Ana, filho de um trabalhador e militante sindical filiado a UGT. Operário, desde jovem destacou-se na luta social como militante anarco-sindicalista da Confederación Nacional del Trabajo CNT.
Grupos Justiceros e Solidarios
Despedido durante as greves de 1917, emigrou para França onde permaneceu até 1919. De volta a Espanha forma, no País Basco, o grupo Los Justiceros e em 1922, já em Barcelona, como resposta à repressão e ao pistoleirismo patronal, junto com Francisco Ascaso, Ricardo Sanz, Joan García Oliver e outros companheiros forma o que viria a ser um dos mais famosos grupos de ação direta do anarquismo espanhol, Los Solidarios.
Em 1923, em conseqüência do assassinato do conhecido militante anarquista Salvador Segui (1890-1923), Los Solidarios decidem eliminar os responsáveis do pistoleirismo patronal, entre eles o Cardeal de Saragoça, Juan Soldevila, o que vem a acontecer durante o período em que Durruti está preso.
Na América Latina
Depois de várias prisões refugiou-se em França em 1923, tendo-se exilado com Ascaso em 1924 na América Latina, primeiro em Cuba, depois México e Argentina, onde continuaram envolvidos em acções revolucionárias, executando agentes da repressão, assaltando bancos e, com esse dinheiro, financiando sindicatos e propaganda libertária. Em Montevidéu organizaram uma fuga coletiva da prisão de Punta Carretas, que ficou famosa.
Atentado contra o Rei Afonso XIII
Depois de regressarem a França, em 1925, planejaram raptar o rei Afonso XIII, que visitaria Paris, o que veio a provocar a prisão do grupo. Uma grande campanha de solidariedade organizada por Louis Lecoin, envolvendo os anarquistas franceses e setores progressistas, pediu a sua libertação, o que veio a ocorrer em 1927. Foi após a saída da prisão que Durruti teve um encontro com o anarquista ucraniano exilado em Paris, Nestor Makhno. Logo em seguida foi expulso da França para a Bélgica de onde foi expulso novamente para a França, sem encontrar país de exílio. A União Soviética ofereceu-lhe asilo político, mas com a condição de reconhecimento do estado soviético e garantia de se abster de qualquer atividade no país. Durruti e Ascaso decidiram não aceitar as condições, partindo para a Alemanha, de onde voltaram, em 1929, à Bélgica.
Participação na Guerra Civil Espanhola
A crise social na Espanha provocou em 1931 a queda da monarquia e uma anistia política, podendo finalmente, Durruti e Ascaso, regressar para retomarem sua militância anarquista no país. A partir daí Durruti desenvolveu uma intensa militância na CNT e na Federação Anarquista Ibérica - FAI, onde o grupo Los Solidarios estava federado, com o novo nome de Nosotros. Durruti tornou-se, então, um dos oradores mais famosos dos comícios anarco-sindicalistas nos anos que precederam a Revolução. Preso novamente em 1935 veio a ser libertado em 1936 em plena campanha eleitoral que daria a vitória à Frente Popular. A CNT reuniu seu 4° Congresso na cidade de Saragoça, em maio de 1936, vivendo-se já uma situação pré-insurrecional, com os fascistas articulando o golpe de estado. Durruti foi um dos articuladores do plano que visava responder a essa situação e permitir o contra-ataque do movimento operário desencadeando a Revolução Social.
A 19 de julho de 1936 rebenta a Guerra Civil Espanhola, e a CNT-FAI saiu para a rua para desarmar os sectores golpistas, tendo Durruti combatido nas barricadas de Barcelona e, à frente de um grupo de trabalhadores, assaltado o quartel Atarazanas.
No dia seguinte, nos combates de rua, morreu Francisco Ascaso (1901-1936) companheiro de muitos anos de Durruti. A Revolução Espanhola, pela qual tanto tinha lutado, estava nas ruas, nas fábricas e coletividades autogestionárias, mas com ela a guerra civil e, paralelamente, as lutas intestinas no campo republicano.
À frente de uma coluna de milicianos que ficaria conhecida por Coluna Durruti, lutou em Aragão, onde estimulou a coletivização das terras:
Entretanto, em 8 de Novembro inicia-se a ofensiva Franquista contra Madri, que ameaça tomar a cidade e encerrar a guerra civil com a derrota da Espanha republicana. Durruti parte então com seus milicianos para impedir a queda de Madri, ao mesmo tempo que o governo republicano se retira da capital.
Morte
Em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas, Durruti é morto com um tiro a 20 de novembro de 1936, ao se dirigir à frente de batalha. É difícil acreditar que uma bala inimiga tenha sido disparada do Hospital Clínico, ao lado do qual ele passava, pois era uma bala de curto alcance. Alguns acreditaram que seus rivais comunistas o mataram; outros, que foram os próprios anarquistas, preocupados com suas simpatias bolcheviques , ou até por discordarem de sua severa disciplina. Alguns argumentam ainda que se trataria de um acidente: a trava de segurança do naranjero ou submetralhadora leve de um companheiro prendeu-se na porta do carro e disparou uma bala em seu peito
Sua coluna, entretanto, ajuda a frear o avanço dos Nacionalistas na batalha da Cidade Universitária, uma das mais encarniçadas de toda a guerra. Buenaventura Durruti, o mais conhecido revolucionário anarquista do século XX, quando da sua morte, deixou como seus bens uma mala velha com roupa pessoal e uma caderneta com uma dívida de 100 pesetas para com a CNT.
O corpo de Durruti foi transportado pela Espanha à Barcelona para seu funeral. Mais de 250 mil pessoas saíram as ruas para acompanhar o cortejo fúnebre durante a rota ao cemitério de Montjuich. Esta foi a última demonstração pública anarquista de grande amplitude durante a sangrenta Guerra Civil Espanhola.
Citações
«"Levamos um mundo novo em nossos corações: esse mundo está crescendo neste instante."»
(Buenaventura Durruti)
«"Já se organizaram em coletivos? Não esperem mais. Ocupem as terras! Se organizem de forma que não hajam chefes nem parasitas entre vocês. Se não o fizerem, é inútil que continuemos avançando. Precisamos criar um mundo novo, diferente do que estamos destruindo."»
Obras sobre Durruti
Buenaventura Durruti é uma das grandes referências do anarquismo espanhol. Existe abundante literatura sobre sua figura, da qual não se pode deixar de considerar a obra de Cesar Visal e Abel Paz, sendo deste último "El Pueblo en Armas" o estudo mais significativo até o momento.
Livros
Durruti en la Revolución española. Abel Paz. Madrid, Fundación Anselmo Lorenzo, 1996, con un estudio de J.L. Gutiérrez Molina. ISBN 84-?????-?? ; ed, La Esfera de los Libros S.L. 2004, prólogo de J.L. Gutiérrez Molina. ISBN 84-9734-197-X
El corto verano de la anarquía, vida y muerte de Buenaventura Durruti. Hans Magnus Enzensberger. Barcelona, ed. Anagrama, 1998, ISBN 84-339-6706-1
Durruti en el laberinto. Miguel Amorós, ed. Muturreko Burutazioak, 2006. ISBN 84-?????-??; ed. Pepitas de Calabaza. 19??, ISBN 84-96044-73-4.
Durruti is Dead, Yet Living. Emma Goldman. 1936.
El hombre que mató a Durruti. Pedro de Paz, ed. Germanía, 2004. ISBN 84-?????-??
La muerte de Durruti. Joan Llarch, ed. Plaza & Janés, 1976. ISBN 84-01-44166-8; ed. Aura,
Barcelona 1973. ISBN 84-214-0042-8
Durruti. La furia libertaria. Cesar Vidal, ed. Temas de Hoy, 1996. ISBN 84-7880-693-8
The Spanish Civil War. Antonio Beevor. 1982.
Filmes
Buenaventura Durruti, anarquista. 1999. Com Albert Boadella e Els Joglars. Romancero de Chicho Ferlosio. Música de Michel Portal.
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